Leolinda
Leolinda d’Avila

 

Dados biográficos

Leolinda Amélia Quintas Delgado nasceu a 5 de Junho de 1897 em Lisboa, na freguesia de Stª Engrácia. Foi a terceira filha dos sete filhos que tiveram Mathilde Quintas e Manuel Rodrigues Delgado. Tendo perdido a mãe com quinze anos e tendo sua irmã Lídia casado pouco depois, coube-lhe a missão de ajudar a educar os irmãos e gerir a economia doméstica, interrompendo-lhe os estudos que vinha fazendo no Colégio da Bafureira, sob o beneplácito de seus padrinhos. Seu Pai, o primeiro português Director das Fábricas dos Armazéns do Chiado, homem de confiança de Nunes dos Santos, padrinho de Leolinda e de outros irmãos e sobrinhos, não voltou a casar.

Assim Leolinda Delgado quando casou com Diogo d’Avila, a 29 de Junho de 1918, trazia na sua bagagem a maturidade que a condição de órfã e mãe adoptiva lhe tinham granjeado.

Faleceu a 17 de Janeiro de 1980.

A grande mulher de um grande homem

Que teria sido de Diogo d’Avila se não tivesse tido a seu lado sua mulher Leolinda?

Quando os negócios não corriam bem (recordemos as três primeiras sociedades a que pertenceu ou fundou Diogo d’Avila) Leolinda ofereceu-lhe todo o seu apoio, também material.

Encontra-se no espólio à guarda da Fundação recibos de renda que passava a seu marido pelo aluguer das primeiras instalações da Fábrica Diogo d’Avila, na Rua Maria da Fonte aos Anjos, em Lisboa. As jóias que herdara da mãe foram parar ao Montepio, não tendo mais podido reavê-las, para pagamento de salários aos operários, em virtude de as máquinas encomendadas na Bélgica terem chegado muito depois da matéria-prima vinda da Holanda. Foi ela e só ela, que impediu a falência prematura da Fábrica de Condutores Electricos Diogo d’Avila. Em 1944, quando se impunha a sua transformação em sociedade, em virtude do crescimento da Fábrica, recusou a sociedade que seu marido justamente lhe oferecia recomendando-lhe: “…dá sociedade aos rapazes. Assim interessam-se pelo negócio”. Assim fez Diogo d’Avila, fazendo sócios seus filhos Manuel e Jorge. Anos mais tarde, desenvolveu extensa actividade promovendo múltiplas acções de solidariedade e de cultura. Por sua iniciativa se fizeram algumas publicações, nomeadamente uma breve biografia de seu marido. Quando seu filho Manuel foi preso em Caxias nos ardores de Agosto de 1975 ofereceu-se ao Director do Estabelecimento Prisional para tomar o lugar de seu filho “pois faz muita falta na Fábrica”. Igualmente foi ter com Mário Soares, pedindo-lhe a sua intervenção em nome da amizade que unia Diogo d’Avila a seu pai, João Soares.Recordou-lhe as mensagens que, juntamente com sua mãe lhe punham na massa dos bolos, sempre que João Soares era preso. Por testamento deixou todos os seus bens pessoais a sua neta mais velha, Maria Teresa, “para que em meia dúzia de anos não desapareça tudo que se construiu com tanto sacrifício”.