Ao iniciar-se o desmantelamento do que foi a primeira unidade industrial do fabrico de condutores eléctricos de energia e telecomunicações procurou a Fundadora, Drª Maria Teresa d’Avila, preservar e colocar a bom recato a documentação única no País da que foi a primeira e a mais prestigiada e qualificada no seu sector. Possuía os melhores laboratórios nacionais, bem apetrechados e actualizados, na investigação e desenvolvimento, pioneiros e únicos na engenharia de materiais.

A Fundação não conseguiu suster a selvática destruição de tanto material valioso. Conseguiu no entanto preservar muita documentação, essencial para o conhecimento sustentado dos departamentos de investigação das Universidades Técnicas portuguesas, com especial relevância para a Universidade Técnica e Universidade Nova de Lisboa, Universidade de Aveiro e Universidade do Minho.

O espólio posto a salvo pela Fundação para estudo dos investigadores e cientistas vai desde o desenho de máquinas, que remontam algumas à 1ª Guerra Mundial, às fórmulas de composição dos materiais isolantes (misturas), que valeram ao filho do Comendador Diogo d’Avila, Manuel d’Avila, a atribuição de valioso galardão pela Ordem dos Engenheiros francesa e a sua inclusão na mesma Ordem e ao projecto da maior catenária da Europa, cuja instalação foi concluída em 1992, destinada à fabricação de cabos de média e alta tensão.

As bolsas de estudo de doutoramento a atribuir pela Fundação têm como principal finalidade o estudo e divulgação deste material valioso e único não só para a indústria dos condutores eléctricos, cuja recessão a nível nacional cedo se fez sentir após a destruição deste marco na vida industrial portuguesa, mas também para a moderna investigação dos novos condutores. Os contratos de know-how com os mais prestigiados grupos multinacionais (Pechiney, Pirelli, Siemens, Corning&Glass, Cossonay, entre outros), os projectos  Avila Angola, cuja unidade industrial foi inaugurada em Dezembro de 1973, na cidade de Viana, entretanto confiscada e recentemente entregue a outro fabricante português, sem que tivesse havido a respectiva indemnização, são outro manancial de documentação a beneficiar os estudiosos no campo da História das Empresas.

A Fundação apresentou já alguns trabalhos relevantes, tendo como origem os documentos em seu poder, tais como “A Indústria dos Condutores Eléctricos do séc. XX – o papel das mulheres na sua criação e desenvolvimento”, de parceria com o Museu da Indústria do Porto, no passado ano de 2008.

A Fundação tem igualmente apoiado as empresárias, tendo contribuído significativamente para a organização do Forum Internacional de Empresárias, em Maio de 2009.

Os contactos entretanto encetados com a Fundação da Ciência e Tecnologia prendem-se com o projecto de estabelecimento de parcerias, nomeadamente para a criação de Bolsas de estudo de doutoramento.

E porque há mais de 50 anos se estudava já a viabilidade da introdução da Energia Nuclear, aqui fica o registo:

Investigação & Desenvolvimento — anos 50

Energia Nuclear

A Fábrica de Condutores Eléctricos Diogo d’ Avila expressando o espírito do seu fundador esteve sempre ligada a projectos de investigação e desenvolvimento de vanguarda.

Assim, ainda na década de 50, integrou o grupo de empresas prestigiadas e individualidades portuguesas relevantes que, na altura, propugnaram a entrada de Portugal no número de países com energia nuclear, como a seguir se transcreve:

Recursos do projecto

“É de grande mérito a obra levada a cabo pelos Centros de Estudos (…) que vai permitir à Junta e a outros organismos, incluída indústria, o recrutamento de pessoal logo que ele seja necessário, (…) e que têm concorrido para estimular a actividade de investigação das Universidades e que irão concorrer para melhorar as condições de ensino. E, afinal, tão importantes objectivos, apesar dos encargos inerentes ao primeiro estabelecimento de actividade, com o dispêndio global, ao longo de cinco anos, de somente cerca de 20 000 contos… enfim, o custo de qualquer estádio de foot-ball!” (É de notar que o valor dos encargos com a Comissão de Estudos de Energia Nuclear respeitantes ao período entre 1952 e 1957 totalizam 26.799.000$00.)

Manuel Rocha, Apreciação dos Resultados da Primeira Reunião de Técnicos Portugueses de Energia Nuclear, sessão de encerramento, Lisboa, Janeiro de 1958.

“(…) o sector da energia nuclear foi praticamente o único sector de alta intensidade tecnológica em que Portugal investiu no século XX”.

João Caraça in J. Costa Oliveira, A Energia Nuclear em Portugal – Uma Esquina da História, Ed. O Mirante, Santarém, 2002.

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Possibilidades (perdidas) do projecto

“(…) o nosso país se tornará, necessariamente, um mercado para reactores nucleares de potência e isto à média de um por ano, de cerca de 100 MW, a partir de 1965. Admitindo que o custo de uma central de 100 MW, em 1965, não possa ser ainda inferior a 1 milhão de contos, verifica-se que o nosso mercado significa, para a indústria que o forneça, cerca de 600 a 700 mil contos por ano. Esta verba excepcionalmente importante estará ao alcance da indústria nacional desde que esta se organize convenientemente para poder oferecer, de um modo coerente, os referidos 70 por cento convencionais (material e equipamento sensivelmente convencionais)”. (Propunha-se) a “organização de uma sociedade com o objectivo de promover e intervir na mais larga participação da indústria nacional na realização do plano de equipamento do complexo nuclear do país. (…) O objectivo genérico seria, pois, o aproveitamento total do máximo valor económico que possa ter para o país a instalação do complexo nuclear português”.

Memorial datado de Março de 1957 (enviado a Frederico Ulrich e ao Ministro da Economia) – por Armand Gibert, António Champalimaud, Banco Burnay, Caetano Beirão da Veiga, Companhia União Fabril, Fábrica de Condutores Eléctricos Diogo d’Avila, Humberto Pelágio, Azeredo Perdigão, Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas e Azevedo e Silva – nomes que dariam origem à Companhia Portuguesa de Indústrias Nucleares, CPIN. Arquivo ITN.

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